
1º. Domingo da Quaresma.
Pe. Scaravelli, c.s.
No início da Quaresma, encontramos Jesus tentado pelo diabo. A Bíblia tem vários nomes para este personagem: diabo, demônio, lúcifer, satanás. Os demônios são os que estão dentro de nós. Com muita oração e boa vontade e se os chamamos pelo nome (identificamos) podemos expulsá-los. Esses estão travestidos de inveja, egoísmo, ódio, ciúme exagerado, baixo-estima, depressão, desânimo, entre outros.
O diabo é o que vem de fora e nele subjaz sempre a mesma incumbência da sua missão: separar. Diabo é o que separa, dia-bolus (do grego) aquele que divide. O diabo – no meio do mundo que o ignora e o torna frívolo – está mais presente que nunca: nas aparências, nos medos, nos dramas, nas mentiras e nos vazios do homem pós-moderno, aparentemente descontraído, brincalhão e divertido.
Com Jesus, como com todos, o diabo procurará fazer uma única tentação, ainda que com diversos matizes: romper a comunhão com Deus Pai. Para este fim, todos os meios serão aptos, desde citar a própria Bíblia até fantasiar-se de anjo da luz.
As três tentações de Jesus são um exemplo muito atual:
– Da tua fome, converte as pedras em pão;
– Das tuas aspirações, torna-te dono de tudo;
– Da tua condição de filho de Deus, coloca a tua proteção à prova.
Em outras palavras: o dia-bolus buscará conduzir Jesus por um caminho no qual Deus ou é banal e supérfluo, ou é inútil e nocivo.
– Prescindir de Deus porque eu reduzo minhas necessidades a um pão que eu mesmo posso fabricar, como se fosse minha própria mágica. Jesus responde: “Não só de pão vive o homem…”.
– Prescindir de Deus modificando seu plano sobre mim, incluindo aspirações de domínio que não têm a ver com a missão que Ele me confiou. Jesus responde: “Se prostrado me adorares todo esse Reino será teu”.
– Prescindir de Deus banalizando sua providência, fazendo dela um capricho ou uma diversão. Jesus responde: “Atira-te daqui para baixo, não te acontecerá nada porque os anjos te sustentarão”.
Quais são essas tentações na nossa vida real que nos separam de Deus e, portanto, dos outros também?
+ A tentação do deus-ter (em todas as suas manifestações: consumismo, preocupação em acumular muito dinheiro sem importar-se com os demais. (1a. tentação)
+ A tentação do deus-poder. Ter poder para dominar e não para servir os demais. (2a. tentação)
+ A tentação do deus-prazer (com suas formas desumanizadoras de praticar o hedonismo, prazer pelo prazer, o prazer como caminho da felicidade. (3a. tentação).
Quem duvida de que existem mil diabos, que nos encantam e seduzem a partir da chantagem, apresentando tudo fácil e atrativo, e nos separam de Deus, dos demais e de nós mesmos?
No deserto, com o jejum e a oração Jesus nos ensinou a vencer o diabo. E durante sua missão expulsou todos os demônios das pessoas possuídas que lhe eram apresentadas.
– A quaresma é um tempo para voltarmos para Deus, unindo novamente tudo o que o diabo separou.
– A quaresma é um tempo para expulsar os demônios de dentro de nós com a ajuda de Jesus.
Será uma batalha, uma luta entre o bem e o mal, cuja vitória do Bem só será possível com oração profunda, generosos sacrifícios e doação com muito amor.