
Ninguém é tão forte, ninguém é tão pobre.
Pe. Scaravelli, c.s.
“Ninguém é tão pobre que não tenha nada para oferecer e ninguém é tão rico que não precise de ninguém. Ninguém é tão forte, tão seguro que não precise de Deus e ninguém é tão fraco que não possa cumprir sua missão com a graça de Deus. Disso trata a liturgia deste domingo.
Falar a verdade
em nome de Deus
As três leituras mostram três exemplos parecidos: O profeta Ezequiel na primeira leitura, repetindo a história de outros personagens bíblicos (Moisés, Amós.) Sente-se fraco demais para cumprir a missão de profeta, isto é, falar a verdade em nome de Deus – “Filho do homem, a esses filhos de cabeça dura e coração de pedra vou te enviar, e se eles não escutarem pois são um bando de rebeldes, pelo menos ficarão sabendo que houve um profeta no meio deles”.
” Fui espetado na carne a fim de
que eu não me exalte demais”
Paulo na segunda leitura descreve a sua fraqueza. Apesar do sucesso da sua missão, havia um espinho, não um espinho na cama como fala uma música sertaneja, mas um espinho no corpo ou na alma que o atormentou durante a vida toda. Não sabemos o que era, talvez uma doença crônica, talvez o seu temperamento forte e incontrolável, talvez uma tentação, ” Fui espetado na carne a fim de que eu não me exalte demais”, escreveu aos Coríntios.
Quando o ser humano se sente seguro demais, porque tudo está ótimo na sua vida, no econômico, no relacionamento com as pessoas, na sua vida sentimental, na própria profissão, corre o risco de tornar-se soberbo, orgulhoso, pois sente que não precisa de ninguém, pensa que se basta por si mesmo e até se esquece de Deus. E então a vida traz surpresas.
Cada qual poderia contar a sua história. Eu poderia contar a minha experiência quando estava no auge do meu sucesso profissional, do meu trabalho, mas esse não é o momento.
“Basta-te a minha graça, pois é
na fraqueza que a força se manifesta”
Porque, se Deus tirar a mão protetora da tua cabeça, tu cairás lá embaixo e terás que começar tudo novamente, reaprender a ser humilde e reconhecer que ninguém é tão forte e poderoso que não necessite dos outros e de Deus. São Paulo fez a experiência. No caminho a Damasco, no entanto, no encontro com Jesus, “caiu do cavalo”, e então deixou de lado a sua prepotência, iniciou uma nova história e reconheceu a necessidade da graça. “Basta-te a minha graça, pois é na fraqueza que a força se manifesta” lhe disse o Senhor. “Por isso eu me gloriei das minhas fraquezas para que a força de Cristo habite em mim. Pois quando eu me sinto fraco, é então que sou forte”, concluiu São Paulo.
Porque é na fraqueza e na humildade que buscamos a Deus. E com Deus, tudo podemos.
Quem pensa que ele é?
Jesus no evangelho deste domingo, depois de ser aclamado pela multidão, encontra o fracasso na sua própria terra natal. Todos sabiam de onde vinha: família de carpinteiros, não era um escriba, não era um doutor da lei, não era um letrado, impossível que conhecesse as Escrituras… Quem pensa que ele é?
Ficaram escandalizados e por isso ali não pode fazer milagre algum, apenas curou alguns doentes e mandou-se para outra região.
Ninguém é tão poderoso que não precise dos outros e que não precise de Deus. Ninguém é tão fraco que não consiga realizar sua missão se a graça de Deus estiver com ele.
Que a mão de Deus continue
estendida sobre a nossa cabeça…
“Eis que me comprazo nas fraquezas e nas angustia sofridas por amor a Cristo. Porque é nesse momento que sou humano, não Deus, sou um ser humano necessitado da graça de Deus.
Quanto mais alto, maior o tombo. Que a mão de Deus continue estendida sobre a nossa cabeça e sua graça no nosso coração, e que nunca nos deixa cair. Amém.
Imagens da internet