
17º Domingo do Tempo Comum
Pão para todos
Pe Scaravelli, c.s.
O Evangelho deste domingo é o único texto narrado pelos quatro evangelistas. O tema é o “Pão da Vida”. Durante cinco semanas que vamos ouvir e proclamar o discurso do evangelho de S. João, capitulo 6, fala do “Pão da Vida”. Jesus vai dizer “Eu sou o pão da vida…quem come esse pão…isto é o meu corpo dado por vós. Fazei em minha memória…
O discurso começa dizendo que o pão, quando abençoado por Deus e repartido entre todos, será suficiente para todos e ainda sobrará.
Deus prepara um banquete e convida a todos seus filhos e filhas a participarem. À mesa do banquete no Reino de Jesus são convidados todos os que tem fome de amor e de justiça; os que vivem atolados no desânimo e no desespero; os que são condenados e marginalizados pela sociedade; os que não tem pão na mesa e nem paz no coração; os que vivem à margem da vida e da história. Enfim, todos, nós também.
Na primeira leitura (2Rs 4) ouvimos como Deus multiplicou os 20 pães com os quais o profeta Eliseu alimentou uma multidão; pães que um homem trouxe e distribuiu; todos ficaram saciados e ainda sobrou. Assim será o banquete da vida, o banquete no Reino de Jesus.
Essa profecia da primeira leitura, se realiza em Jesus Cristo que multiplica os dois pães e os cinco peixes e alimenta a multidão faminta. Jesus é o novo profeta que sacia a fome do povo, é o novo Moisés, que junto ao povo se retira ao deserto e repete o milagre do Maná. O deserto é o lugar do encontro com Deus e onde na necessidade, o povo partilha o que tem. E quando esse pouco é abençoado por Deus e partilhado, torna-se suficiente para alimentar a todos e ainda sobra para o dia seguinte.
Jesus, mais que solucionar o problema da fome da multidão daquele momento multiplicando os pães e peixes, nos ensina a buscar permanentemente soluções para as distintas fomes do mundo:
1º. Nos ensina que o problema da fome e da sede de pão, de vida, de amor, de paz, de justiça, é problema de todos: de Felipe que se preocupou “onde buscar pão para tanta gente”, de André que procurou quem tinha trazido algo, do menino que havia trazido cinco pães e dois peixes e esteve disposto a partilhá-los, e de Jesus que os multiplicou. O problema da fome não é problema só dos pobres. O problema dos outros não é só dos outros.
2º. O caminho da solução é repartir o que temos e o que somos. Jesus manda repartir os cinco pães e dois peixes que o menino trazia. Todos comeram e ficaram saciados.
E sobraram doze cestos, simbolizando as 12 tribos de Israel, os 12 apóstolos, isto é: todo o povo, toda a Igreja. Não se trata de quantidade, mas de generosidade.
3º. Jesus deu graças e mandou repartir. Essa é a razão da partilha. Quem reconhece que tudo pertence a Deus, é uma pessoa grata que sabe partilhar com os outros. Se Ele abençoa e nós repartimos, haverá o suficiente para todos.
Celebramos a presença real do Senhor que se
reparte entre todos e celebramos a nossa vida diária,
de trabalho, de amor, de serviço.
A celebração Eucarística, centro da nossa vida cristã, deve representar a nossa união com Deus e com os irmãos. Celebramos a presença real do Senhor que se reparte entre todos e celebramos a nossa vida diária, de trabalho, de amor, de serviço. Aqui ao redor da mesa trazemos e celebramos a visita que você fez a um doente, a ajuda que você deu a alguém que está passando por necessidades econômicas, a segunda coleta de domingo passado para as missões na África, o seu jeito de acolher as pessoas, o árduo trabalho que você realiza todos os dias para partilhar os frutos com sua família, a oferta que você traz ao altar, o Dízimo que você devolve com gratidão a Deus para partilhar com a Comunidade, o perdão que você dá à sua esposa ou a seu marido, a colaboração que você presta sem nenhuma queixa aos seus pais, a sua participação e colaboração com a comunidade ou com as pastorais…
Ao multiplicar o pão e os peixes, certamente Jesus quis matar a fome física daquele povo, mas quis igualmente nos ensinar que devemos continuar esse trabalho repartindo e partilhando a nossa vida.
Esse milagre da multiplicação dos pães vislumbra um milagre ainda maior: a Eucaristia, o Corpo de Cristo repartido entre todos, sinal visível da presença de Deus e do pão que repartimos todos os dias.