O “sim” de Maria aponta para Deus e recorda-nos o mistério divino da Encarnação.Como diz o Apóstolo Paulo: “Na plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de mulher” (Gl 4, 40). O relato da Anunciação destaca a relação entre a revelação trinitária de Deus (Pai, Filho e Espírito Santo) e a mulher, que se dá de forma dialógica. Esse encontro divino revela um caráter relacional que garante reconhecimento, alteridade e liberdade de ambas partes.
Na encarnação, Deus recria o mundo por meio da concepção de Cristo no ventre de Maria, e a Igreja torna-se o foco de uma nova criação na qual a bondade é simbolicamente restaurada como uma antecipação da renovação de toda a criação no fim dos tempos. Com o seu “fiat”, Maria torna-se o autêntico sujeito da união com Deus, realizando-se no mistério da Encarnação do Verbo.
Todas as ações de Deus na história humana respeitam sempre o livre arbítrio do “eu” humano.Isso é significativo porque Maria, como mulher redimida, vive uma profunda aliança com Deus e, conseqüentemente, como mãe, torna-se participante ativa de sua própria redenção. Sua adesão incondicional a Deus marca o lugar teológico para pensar as relações e o papel da mulher no mundo.
Pe. Raphael